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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Trabalho com temas geradores




Ao refletir sobre as observações de Paulo Freire sobre a importância do uso dos Temas Geradores na prática pedagógica em sala de aula, observa-se a necessidade de ligar a aprendizagem do aluno à sua vida cotidiana, às suas vivências e anseios, tornando-a significativa, para que ele entenda a importância de aprender e de reconstruir o que já sabe.
Para Paulo Freire o sujeito ao se alfabetizar, além de decifrar as palavras deveria entendê-las, no seu contexto de vida. Por esse motivo ele elaborou uma proposta pedagógica utilizando os temas geradores.
Trabalhar com a proposta de tema geradores de Freire é pensar na identidade do aluno adulto, é trabalhar conteúdos sem que estes sejam a verdade absoluta, é estabelecer as relações entre a aprendizagem da escola e a da vida, enfim é alfabetizar e letrar considerando as diferentes culturas. Ele não acreditava em uma alfabetização onde o sujeito apenas decifrasse a leitura e a escrita sem observar aí uma finalidade, uma tomada de consciência sobre a sua própria condição e aprendizagem.
Os temas geradores, ao contrário das antigas cartilhas que repetiam palavras com as mesmas sílabas e que não tinham o menor sentido para quem estudava, partem de palavras que fazem parte do cotidiano dos alunos, trazendo a sua realidade para a sala de aula, para ser explorada, discutida e problematizada. A importância é que além do aluno começar a compreender o mundo da leitura e da escrita partindo de um conhecimento que já tem, ele percebe a significação dela em sua vida e nesse momento refaz a própria aprendizagem, tomando consciência de si e do coletivo de das necessidades aí envolvidas.
Trabalhar com a proposta de Freire é resignificar a aprendizagem para o aluno e torná-la importante para a vida, para o mundo e não somente para a escola.

Referências:
BETTO, Frei. Paulo Freire: a leitura do mundo
FREIRE, Paulo. A dialogicidade - essência da educação como prática da liberdade.
Pedagogia do Oprimido. 40ª edição. Rio de Janeiro: Paz na Terra, 2005.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Alfabetização de Adultos


Na interdisciplina de EJA, fomos convidados a ler e refletir, à partir de um texto de Regina Hara, sobre os desafios enfrentados pelos educadores em ensinar e motivar os adultos que frequentam esta modalidade de ensino.
As dificuldades em trabalhar com EJA, como o texto relata, passa pelos problemas sociais. A escolarização tem peso menor para a sua sobrevivência de adultos das classes populares, outras questões são preponderantes - como habitação, saúde, emprego, alimentação, transporte - em relação aos processos escolares. Daí a evasão, que supera a permanência em sala de aula, evitando o abandono e a desistência. Além, é claro, do mais significativo, o cansaço físico, porque após um exaustivo dia de trabalho, poucos sentem-se estimulados a permaner por um extenso período na escola.
Hara coloca muito bem a questão que a simples militância e a informação técnica não são suficientes para ensinar a ler e escrever, assim como uma metodologia direcionada por palavras relacionadas à realidade do aluno, é preciso mais, é necessário que este adulto compreenda a função da leitura e da escrita em sua vida, em como lhe será útil para a construção de conhecimentos sobre o mundo que esta inserida, desenvolvendo habilidades que lhe capacitarão para participar e trans
Hara diz que é importante valorizar o que o aluno traz de suas vivências. Que a aprendizagem da leitura e escrita ocorre da mesma maneira para adultos e crianças. Os estágios de construção da escrita que os adultos apresentam são os mesmos identificados nas crianças.
A aprendizagem da escrita e da leitura é um processo em que o sujeito é o construtor do conhecimento.Os adultos pensam a escrita como um sistema de representação e tem hipóteses sobre como acontece essa representação.Tudo serve para ler, porém fica mais fácil se o texto escrito provocar a curiosidade e o desejo do leitor, seja criança ou adulto.A escrita também se dá da mesma forma, precisa haver uma vontade de escrever, um objetivo, assim ficará mais fácil esse processo. Ou seja, é necessária a compreensão do processo e da importância dele para o educando.formar sua realidade.
A avaliação na EJA precisa ser adotada de forma que leve o próprio aluno a se perceber, a dar-se conta de seus progressos e do que ainda precisa melhorar, pois desta maneira ela se torna mais um argumento de permanência deste adulto em sala de aula e lhe dá estímulo para enfrentar as adversidades diárias, tais como: cansaço, necessidades de carência social e financeira, etc.A promoção da auto-avaliação ou do Conselho de Classe Participativo, como já é adotado em diversas escolas do município onde há EJA, é eficiente para promover o \"feed-back\" para os alunos desta modalidade.O professor pode argumentar em favor do progresso mostrando ao aluno produções antigas realizadas comparando-as as atuais. Essa prática serve de estímulo para ambos e justifica a continuidade, podendo, inclusive, apontar caminhos para continuidade do processo de aprendizagem.


Me surpreendi com os estudos sobre como se dá a aprendizagem na EJA, e no trabalho com adultos, e achei interessantíssimo o questionamento de Emília Ferreiro \\\"Não será possível considerar uma ação alfabetizadora que tome como ponto de partida o que estes adultos sabem, em lugar de partir do que ignoram?\\\"; pois trata-se de iniciar um trabalho já apostando em cativar, incentivar e valorizar o aluno para que ele se sinta impelido a buscar mais sobre o que já conhece. Muito bom este texto!
Referência:
HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3.ed. São Paulo: CEDI, 1992.

sábado, 26 de setembro de 2009

As diferentes falas


A fala a escrita e a leitura não ocorrem sempre do mesmo jeito. O que se pode perceber que estas práticas se diferenciam estabelecendo uma relação direta entre o os interlocutores e o meio onde elas estão ocorrendo. Isso desestabiliza a “ideia de "uma" língua padrão, como se essa não sofresse alterações socioculturais. Essas variedades manifestam-se tanto na linguagem oral, quanto na escrita...“ (DALLA ZEN; TRINDADE, 2002), constituindo, na verdade “falas” que de pertencimento de determinados grupos em determinado tempo. “As condições de produção do discurso - o contexto de uso da linguagem, o lugar do qual falamos, o interlocutor - interferem na seleção do conteúdo (o que dizer) e das estratégias do dizer (como dizer).O discurso sofre controle exter¬no e interno dentro de sistemas de apropriação, doutrinas e sociedades de discurso, sendo que as proibições podem ser sobre o assunto a ser explorado, a circunstância de fala, os sujeitos envolvidos” (DALLA ZEN; TRINDADE, 2002).

A escola precisa reconhecer essas diferenciações na fala e na escrita e abrir espaço para que tal multiplicidade ocorra também em sala de aula. O aluno precisa reconhecer a existência da linguagem acadêmica, porém a academia também precisa abrigar as diferenças sociais que abarcam costumes e “falares” distintos.

EJA sob a visão freiriana



Paulo Freire contribui significativamente com a educação apresentando uma nova proposta de alfabetização com a valorização da cultura de todas as etnias demonstrando a importância de cada pessoa no processo de construção de conhecimento de uma sociedade democrática. Freire revela a consciência política do ato educativo, apostando em uma educação para a transformação social e acreditando na importância da ação pedagógica para a emancipação humana.

O pensamento Freiriano contribui para mudanças significativas com a sua forma de ver o mundo no desenvolvimento do trabalho pedagógico, abrindo aos alunos uma perspectiva para conquistar seus direitos, sua auto-estima e dignidade. E ao mesmo tempo, fazer nascer a esperança de se tornarem sujeitos de sua aprendizagem, participando e sendo capazes de reinventarem aquelas experiências históricas e existenciais que são desvalorizadas na vida cotidiana pela cultura dominante. A educação que Freire propõe é problematizadora, crítica e emancipadora.

Ele nos mostra a importância e a necessidade que temos da reflexão e ação a partir das nossas histórias de vida e dessa maneira participando ativamente do processo social. Segundo ele, a educação deve possibilitar aos alunos se tornarem construtores do processo de conhecimentos e a partir daí transformadores de uma sociedade melhor para todos.

No processo de alfabetização, a leitura de mundo realmente precede a leitura da palavra. Sendo assim, os alunos devem compreender o mundo que os cerca, discutindo, falando, refletindo a respeito do mesmo, para que possam se alfabetizar de uma maneira crítica e emancipadora, transformando da própria condição. Isso se torna possível através do diálogo, partindo do conhecimento de mundo que o indivíduo já possui. A partir daí reconstrói-se por meio da língua, a própria história do sujeito e de sua cultura através do saber individual.

Então, ler e escrever não podem ser processos mecânicos. Deve ser processos criativos de percepção do mundo econômico, social, cultural que resulta num processo mais amplo de conscientização. A consciência só é adquirida se houver um processo dialógico entre o homem e o mundo. Por isso, também, a importância dos sujeitos se perceberem através das suas “leituras”, como agentes da História. Pessoas que fazem a História e que não apenas participam como expectadores.

Toda educação que deseja alcançar êxito na formação da consciência crítica, com o objetivo de transformação deve se embasar nos princípios de educação propostos por Paulo Freire.

A alfabetização em seu sentido mais amplo compreende as experiências e relações dos educandos com o mundo, e, no sentido mais específico, é a ação de uma referência para a crítica. Como narrativa, para a ação, torna-se uma tentativa de resgate da história, experiências, visão do discurso tradicional e das relações sociais dominantes. Desenvolver condições para que os indivíduos possam se situar em suas histórias para promoverem outras possibilidades de vida.

Ser alfabetizado é reivindicar sua própria voz. Como referente para a crítica, a alfabetização oferece precondição para a organização, a compreensão da natureza socialmente elaborada e para a avaliação de como o conhecimento, o poder e prática social, que podem ser moldados conjuntamente, tornando a tomada de decisões instrumentos para uma sociedade democrática, e não concessões aos que querem os ricos e poderosos. Ou seja, é preciso que a alfabetização de jovens e adultos considere as histórias de vida dos alunos, pois é a partir de suas experiências, comparando com as outras que lhes são contadas, é que construíram e reconstruíram outras possibilidades humanas, revendo seu espaço como cidadão.

Nomear analfabetismo como parte da definição do que é ser alfabetizado representa uma construção ideológica seguindo determinados interesses políticos. Analfabetismo pode ser tanto uma forma de ignorância intelectual e política quanto uma resistência de classe, sexo ou de cultura. Grupos oprimidos se recusam a aprender os códigos e competências culturais pela visão do que é a alfabetização das classes dominantes. A prática de alfabetização escolar desconsidera que estes grupos possuem seus próprios códigos e uma cultura muito particular, praticamente impõe o conhecimento escolar da cultura dominante, criando assim, um espaço conflitante pelos grupos subalternos que lutam por suas vozes.

Uma prática de alfabetização crítica precisa ser sensível as condições históricas, sociais e culturais que contribuem para as formas de conhecimento e de significado que os alunos trazem para a escola, fomentando a individualidade como parte de um projeto moral e político para uma ação social transformadora
Pensar a alfabetização como forma de política cultural é defini-la sob o olhar freiriano, com uma leitura de mundo e da palavra. É analisar como ocorrem e se constroem as relações no interior da escola. É compreender que o conhecimento ocorre no momento em que professor e aluno se encontram em sala de aula, dando importância as próprias vidas e experiências.

A alfabetização política cultural exige repensar o currículo compreendendo-o como um instrumento que representa um conjunto de interesses que devem ser postos, examinados e debatidos criticamente e que permita que as diversas vozes escolares sejam ouvidas, confirmando e legitimando as experiências que dão sentido às próprias vidas.

Por fim, uma alfabetização crítica e de voz exalta a pluralidade e tem sua força na comunidade humana e nas relações sociais. Os educadores críticos constroem suas próprias vozes examinando com cuidado os interesses sociais e políticos que a conduzem, são, portanto, educadores e também educandos. Tem em sala de aula condições para análise, identificação e problematização das diversas maneiras de ver o outro e o mundo e cultivam as diferenças e semelhanças.

Referência:
GIROUX, Henry. Alfabetização e a pedagogia do empowerment político. In: FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização: leitura da palavra, leitura do mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. p. 1-27.

Síntese do Projeto de Aprendizagem - TEMA: Animais de Estimação


O ser humano surgiu como espécie há aproximadamente quarenta mil anos. Mas somente há doze mil anos iniciou-se o processo de domesticação dos animais. O lobo foi o primeiro animal a passar por este processo dando origem ao cão. À medida que os séculos foram passando, o relacionamento entre o homem e cão se tornou cada vez mais intenso, a ponto de dificilmente podermos pensar em nossa sociedade sem a presença deste e de outros animais de estimação desde os mais comuns como gatos e pássaros até os mais raros e exóticos.

Os laços entre humanos e animais possuem desde os primórdios da civilização um componente prático e utilitário que diz respeito por exemplo: ao aumento significativo da eficiência da caça com a ajuda dos cães quando, esta atividade era essencial para a sobrevivência. Há ainda o aspecto emocional, que adquiriu também grande importância na sociedade humana, devido ao fato de os animais poderem suprir a necessidade de afeto ou preencher espaços vazios na solidão do mundo urbano, cada vez mais individualista.

A presença dos animais de estimação tornou-se evidente em praticamente

todas as culturas e com significados tanto universais quanto particulares dependendo da época e local onde os encontramos.

Começaram os estudos científicos dos benefícios que eles proporcionam aos seres humanos. A partir disso, adquiriu-se maior conhecimento sobre a função dos animais de estimação tanto na família, quanto na socialização, bem como o seu significado em nossas vidas. E por fim, foram desenvolvidas diversas técnicas que utilizam os animais de estimação em terapias individuais e familiares, na tentativa de auxiliar na resolução de problemas emocionais,como a depressão por exemplo.

Eles presenciaram toda evolução tecnológica, expressas principalmente na forma de manipulação do meio ambiente em função dos interesses humanos. Estão presentes desde os desenhos nas cavernas, feitos com pigmentos naturais com o objetivo de viabilizar magicamente a caça.

Podemos assim compreender os benefícios e bem-estar obtidos em sua companhia e porque as pessoas têm animais de estimação. Acompanhando a modernidade a relação com os animais de estimação também evoluiu, o que antes era uma relação de afetividade e utilidade passou a ser também relacionada ao status social e econômico, observamos isso através do crescimento no segmento de mercado destinado aos Pets, contando com uma inúmera diversidade de acessórios, brinquedos, guloseimas e mesmo roupas de luxo para os bichinhos. Essas necessidades são criadas pelo próprio ser humano num esforço de acentuar o processo de humanização em seus animais, desenvolvendo uma identificação entre o animal e seu dono.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Novo semestre...Eixo VII

Neste novo trimestre que se inicia, o foco interdisciplinar reside na comunicação, seja escrita, dialogada ou através de gestos.
Minha curiosidade se aguça no que diz respeito, principalmente, ao aprendizado de Libras, pois como vimos anteriormente, possuímos tesoura adaptada com arame revestido para aquele aluno que não pode apertar a argola, mas consegue bater, existe ainda outro tipo que é elétrica controlada por acionadores. Se o problema é o manejo do lápis, a aranha-mola auxilia a criança no traçado de letras, desenhos, etc. O engrossador de lápis (de espuma, de borracha), a pulseira imantada, etc. São alternativas, cada uma atendendo a uma diferente necessidade para o aluno com dificuldade de segurar o lápis ou fazer traçados. São alternativas materiais para solucionar alguns problemas que se apresentam no ambiente escolar.
Porém, como auxiliar o aluno que não escuta?
É claro que há softwes específicos, mas há também o momento em que o aluno não estará no ambiente com a presença de um computador, e o que fazer?
Na Interdisciplina de Educação de Jovens e Adultos, espero aprofundar meus conhecimentos sobre como se dá a aprendizagem destas etapas e como despertar o interesse destes que por algum motivo procuram a escola para continuar suas aprendizagens.
Até o momento, pensar sobre o que iria ser proposto pelas interisciplinas e minhas indagações pessoais, obtive repostas através das novas descobertas no decorrer dos semestres, e acredito que este que se inicia, em especial, não será diferente. Então...que se inicie o VII semestre!

sábado, 4 de julho de 2009

Projeto de Aprendizagem



As discussões feitas sobre as teorias pedagógicas, metodologias e concepções sobre o processo de aprendizagem trouxeram novas discussões sobre as atividades pedagógicas e surge uma proposta metodológica para provocar uma mudança na escola: os Projetos de Aprendizagem.
Projeto de Aprendizagem é uma proposta de trabalho que nasce dos interesses e necessidades dos alunos buscando saciá-las de forma autônoma.
Através das situações de confronto e de um princípio de liberdade e interação os alunos constroem seus novos conhecimentos.
Aos professores especialistas, cabe mediar, acompanhar e desafiar os alunos para novos pontos de vista.
O professor mediador precisa deixar de ser o centro da atenção e razão das aprendizagens abrindo espaço à participação, favorecendo a autonomia mantendo vivos o interesse e a atenção dos alunos.
Essa mudança é complexa, pois vão mudar a base teórica dos educadores.
Ao mediador cabe abrir novos caminhos frente a questões desafiadoras que vão gerar novos conteúdos, que depois de explorados, possibilitam a construção de novos conhecimentos.
O encadeamento e sucessão de pergunta, resposta, nova hipótese, nova pergunta, dá coerência e unidade ao interrogatório cooperativo.
Os questionamentos mudam sua função em sala de aula e vão além de perguntas que buscam o que está na memória. Irão desestabilizar, provocar discussões, reflexões, análises e críticas, sendo isso essencial para a formação do cidadão.

O link a seguir refere-se ao Projeto de Aprendizagem que minhas colegas e eu estamos desenvolvendo.
Nossos estudos ainda não estão concluídos, porém é muito interessante acompanhar a caminhada que estamos realizando nesta nova proposta de aprendizagem...

Por que as pessoas têm animais de estimação?

Dossiê de Inclusão




Abaixo segue o linck para o Dossiê de Inclusão elaborado durante este semestre.
É o registro de alguns estudos e impressões à respeito desse assunto tão envolvente e instigante.

http://dossiedeinclusaosperafico.pbworks.com/DOSSI%C3%8A-DE-INCLUS%C3%83O

domingo, 28 de junho de 2009

Entre os muros da escola




O filme Entre os muros da Escola, vencedor da Palma de Ouro, em Cannes, narra a o dia a dia de uma classe em uma escola de subúrbio de Paris e discorre sobre os problemas político, cultural, étnico, discriminatório e educacional. Cada aluno que ganha voz na sala, descendente de um país diferente travam uma disputa entre identidade individual e coletiva. .Como educadora percebo que as cenas observadas no filme não são tão distantes do que acontece nas escolas públicas nas quais trabalhamos aqui no Brasil.

Uma das cenas, geradora do conflito principal do filme, é o momento do Conselho de Classe, onde se encontram duas representantes da turma. Nele percebemos que os alunos apresentam problemas, os professores percebem, reúnem-se, reclamam, mas não apontam mudanças ou estratégias que procure incentivá-los ou instigá-los no processo de aprendizagem.

As representantes tentam participar, porém quando o fazem, suas colocações não são levadas em conta, como se suas opiniões não fossem válidas, de maneira preconceituosa, os professores apenas ignoram as interferências realizadas pelas alunas. Isto é, são convidadas a participar de um espaço, no qual é enfatizado que sua presença não é importante e suas falas são ignoradas.
Desta sena segue o conflito principal do filme , a expulsão de um africano, a luta constante entre as etnias em achar seu lugar em países estrangeiros e a esperança do professor em mudar o sistema em favor dos alunos.

Mesmo entre os professores não há consenso entre as metodologias de ensino, metodologias de valorização do estudante ou práticas de advertência e punições. Nem sempre o objetivo maior – formar cidadãos e ensinar os alunos a pensarem por si próprios – é levado em consideração.

O professor atravessa um princípio moral que é o de levantar sua voz em favor do aluno, contra a expulsão ou prejudicar-se profissionalmente. Ele percebe a dificuldade enfrentada pelos alunos em função da discriminação e da diversidade encontrada naquele espaço. Percebe as identidades, e etnias distintas e o preconceito que sofrem. Procura incentivar a autonomia e a percepção dos alunos através de suas aulas, porém no momento no qual cabe a ele levantar sua voz, ele simplesmente cala.

Este filme resume em si todas as questões abordadas pelas Interdisciplinas estudadas durante este semestre, pois traz uma abordagem atual da escola que vivenciamos diariamente.

Considero muito relevante que nós educadores tomemos consciência da necessidade da discussão das questões raciais e discriminatórias que permeiam o ambiente escolar, para que elas finalmente se solucionem e possam refletir em nossa sociedade. Nossos alunos negros, inclusos e portadores de NEE têm o direito de ir e vir tranquilamente e de se sentirem bem em qualquer ambiente por eles freqüentado.

Deficiência não é sinônimo de incapacidade

Falar de inclusão é novo para a maioria de nós, mas tem a ver com o assumir a saída de uma posição passiva e automatizada frente a aprendizagem, pensando assim, todo o sujeito é capaz de se apropriar ativamente do próprio saber, de maneiras distintas para todos, sejam portadores de NEE ou não. Tomando conta das próprias capacidades todos podem produzir conhecimentos resignificando-os em novos conhecimentos.

Socialização não é simplesmente tolerar a presença do outro. Ela exige, através de construções cognitivas a compreensão da relação com o outro. Incluir não é portanto somente propiciar o acesso do aluno NEE na escola, é também e principalmente ver o outro em sua condição humana, como um semelhante dentro das mais absolutas diferenças.

Deficiência não é sinônimo de incapacidade. O papel do professor nesses casos é de fazer o aluno perceber quais as suas capacidades: como consegue pensar, como realiza suas ações, como interage com o outro..., enfim, propiciar as condições para que o aluno construa sua inteligência dentro do quadro intelectual que lhe é possível.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Inclusão

A inclusão foi um tema que sempre me preocupou pois está acontecendo há algum tempo, porém, no ambiente escolar, percebemos que primeiro chega a criança com NEE para posteriormente, buscarem-se os meios.

Constrir rampas, adaptar portas e banheiros é importante, porém é só o início de algo que possui nuances muito mais profundas. Proporcionar a acessibilidade compreende também dispor dos serviços especializados que o aluno com NEE necessita.

Sabemos que nós professores não podemos ministrar medicações, e como fazê-lo quando os pais não se dispõe ou não podem estar presente em tal momento na escola. O que fazer com o aluno que necessita de banho por não controlar os esfíncteres enquanto os demais "quebram a sala"?
Sem contar com os números de aprovados ao final do ano letivo...

Acredito que também faz parte de nosso papel como educadores bradar que não está tudo bem com a inclusão. Precisamos de mais... muito mais!

Pude perceber e apreender até o momento, que a inclusão não é um projeto de futuro. Que a narrativa: Não estou preparado; não nos cabe mais enquanto professores. Que precisamos estar atentos ao espaço que possuímos dentro da própria escola de formação sobre a inclusão.

A inclusão não é apenas um processo binário: ou isto, ou aquilo. É um processo complexo que permeia várias outras questões, como: o acolhimento das diferenças na escola, a permanência no espaço com dignidade e que a escola não é apenas um espaço de convivência, mas de comprometimento.

As questões políticas e financeiras transformaram o conviver em exclusão. Negar a matrícula e acesso à escola para alguém possui uma pena de 1 à 4 anos de acordo com nossa Constituição. Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam que a atenção à diversidade e o respeito às diferenças. E, no momento em que nos deparamos com o “diferente” dentro da escola, precisamos reorganizar o perfil da própria escola, pois a inclusão opera a lógica dos direitos humanos, sociais e civis.

Inicialmente, a gestão deve procurar problematizar a inclusão para toda a comunidade escolar, colocando que as características da deficiência não é sinônimo da ausência de potencialidades. Instigando aos envolvidos a refletir sobre a construção do conhecimento, pois em um ambiente onde tudo está muito harmônico a educação não acontece. E, de acordo com minha prática, pude observar que ainda há muita discriminação envolvendo o assunto.

Posteriormente, deve-se reorganizar a parte filosófica da escola: o Plano Político Pedagógico, o currículo escolar, pedagogicamente, a introdução de monitores, auxiliares pedagógicos e da área da saúde, etc.




Conhecendo o Autismo

O autismo não segue o que podemos chamar de padrão e é classificado como um distúrbio do desenvolvimento humano.

O que se observa são problemas para que a comunicação se efetive, assim como na interação com outras pessoas e na capacidade de imaginação.

O autismo afeta certas áreas do cérebro, acarretando uma desordem comportamental, a qual passa pela comunicação e pela interação com o próximo.

As características variam de um indivíduo para outro, porém o que é mais comumente observado é o comportamento repetitivo, a dificuldade de interação social, a aquisição de movimentos padrões, manias e rotinas que se repetem cotidianamente, incompreensão da linguagem figurada, problemas para manutenção de contato visual e em decorrência disso não empregam expressões faciais e a fixação na parte em detrimento do todo.

A Aprendizagem e o Desenvolvimento Moral

Segundo Jean Piaget “... o conhecimento tem início quando o recém-nascido age assimilando alguma coisa do meio físico ou social. Este conteúdo assimilado, ao entrar no mundo do sujeito, provoca, aí, perturbações, pois traz consigo algo novo...”, e é a reflexão sobre o que se conhece que permite perceber o que necessitamos ou o que ainda queremos conhecer.“... O professor construirá, a cada dia, a sua docência dinamizando seu processo de aprender. Os alunos construirão, a cada dia, a sua discência, ensinando, aos colegas e ao professor, novas coisas.”.

Para Piaget o desenvolvimento moral ocorre por meio das relações do indivíduo com o seu meio, envolvendo aí regras, autoridade e respeito, assim o desenvolvimento moral ocorrerá pela evolução da autonomia e da heteronomia - etapa do desenvolvimento moral em que são introduzidas normas sociais para as crianças -, chegando então a autonomia moral que permite que a pessoa reaja a partir de uma norma, mas tendo consciência reflexiva para avaliar o seu contexto.

Somente através da educação que promove a própria construção moral é que se transformam as diferenças sociais, e se transmite a idéia da unidade humana. A escola tem a capacidade de fomentar a reflexão sobre os próprios atos, sejam eles direcionados sob as mais diferentes hipóteses que abrangem as relações humanas.

O aluno só alcançará a autonomia moral quando tiver desenvolvido o exercício das relações interpessoais e de respeito, e esse lugar é fundamentalmente a escola, visto que ela reproduz a sociedade e que também a influencia. A heteronomia, baseada na argumentação, precisa ser trabalhada com a criança, pois será base para a ação moral.


É importante construir uma moral autônoma, baseada em relações de reciprocidade e respeito mútuo, para que o indivíduo se integre positivamente no seu contexto social. Ao se sentir valorizado ele influenciará as gerações futuras na prática da autonomia moral, da criticidade e do respeito mútuo.

Aprendizagem

Quando iniciei na Faculdade de Pedagogia acreditava que seria muito parecido com as aulas do curso superior que eu já havia freqüentado em outra universidade. A novidade, pensava eu, ficaria por conta do ensino ser à distância.


Logo no primeiro semestre pude perceber que as novidades iriam muito além do que eu imaginava. Primeiro aprendi a me posicionar sempre a respeito das questões que iam surgindo durante o percurso, algo que, no presencial só era necessário quando das realizações das provas, talvez em alguns trabalhos. Aprendi a refletir sobre tudo o que escutava, lia ou via, concordando ou não.


Porém a grande aprendizagem me surgiu de uma maneira surpreendente: eu não sabia ouvir meus colegas e tirar das suas idéias meandros que reconstruíssem minha aprendizagem. Sempre me acostumei a realizar tudo sozinha e, de repente, ter que ouvir o outro e perceber que existem outras nuances que aparecem sobre um determinado assunto foi muito difícil pra mim.


Num primeiro momento me oferecia para realizar os trabalhos sozinha, de maneira autônoma, e enviá-los para apreciação dos colegas – contar com a interferência alheia não me parecia confortável.

Posteriormente passei a aceitar que os outros poderiam fazer algo tão bem ou até melhor do que eu, só que muitas vezes de maneira distinta. E, por fim, percebi que só iria ser possível a minha aprendizagem se criasse com meus colegas uma rede de aprendizagem, onde todos se ajudassem, e se articulassem em parceria, para que todo o grupo crescesse, cognitivamente, junto.


Penso que minha aprendizagem individual se deu através da observação, da experimentação, da necessidade de articulação com o outro e acima de tudo através da ação.
Hoje me sinto muito confortável em trabalhos em grupo – na verdade passaram a ser meus preferidos.

Entrevista com alunos negros



Em determinado momento a Interdisciplina de Etnias propunha a realização, no âmbito escolar, de uma entrevista com alunos negros e a posterior identificação das Dimensões associadas conforme o texto de Marilene Leal Paré .

Ao realizar as entrevistas percebi um universo escolar do qual, como aluna branca, nunca havia me dado conta, o da discriminação.

Sempre acreditei que conviver era algo inerente e natural ao ser humano, e que sendo dessa forma, as relações se estabeleceriam apenas por afinidades que passassem muito mais pelas características de personalidade do que pela cor de pele do outro.

Este assunto percorre os corredores escolares de forma velada, sem muitos alardes, mas é sentido de uma forma bastante sofrida, na maioria dos casos.

As entrevistas realizadas não serão publicadas neste ambiente, porém, me chocaram e mecheram com algumas questões que nem eu mesma sabia estarem adormecidas em mim.

Crianças revelando sua tristeza em permanecer na escola em virtude da discriminação diária sofrida através de apelidos pejorativos ou outras que negam sua etnia dizendo-se branca ou escurinha.

Considero muito relevante que nós educadores tomemos consciência da necessidade da discussão das questões raciais que permeiam o ambiente escolar, para que elas finalmente se solucionem e possam refletir em nossa sociedade.

Nossos alunos negros tem o direito de ir e vir tranquilamente e de se sentirem bem em qualquer ambiente por eles freqüentado.

Está na hora de abrirmos a boca para falar de negritude, de sua beleza e de sua importância para enfim desvelar os corredores escolares.

Mosaico etnico-racial


Em uma atividade proposta pela interdisciplina de Questões etnico-raciais na educação: sociologia e história, fomos convidados para a construção, em compania de nossos alunos, de um mosaico.
Recortamos rostos de pessoas e montamos um grande rosto com eles. Depois passamos a observação do trabalho realizado.
Os alunos demonstraram um grande envolvimento na realização do trabalho, parecendo instigados pela atividade, participando de uma maneira construtiva, apresentando compreensão e naturalidade com o tema étnico-racial desenvolvido nesta proposta.

Através de suas observações concluíram que somos uma mistura de raças e somos todos diferentes, cada pessoa apresenta suas características, e que estas são definidas de acordo com sua descendência familiar.
A sugestão me parece muito oportuna como propulsão para trabalharmos outras questões que subjazem na escola, como por exemplo a discriminação.

O clube do Imperador

Um filme instigante por si só O clube do Imperador é um filme que prende o expectador pelos diversos dilemas morais que envolvem o personagem principal.

O clube do Imperador se passa no ambiente de uma tradicional escola, que funciona em regime de internato para meninos. Nesta escola, lecionando a disciplina de História, está o professor Hundert.

Além de apaixonado pela disciplina com a qual trabalha e sentir-se um exemplo moral, o professor sente-se responsável por moldar o caráter de seus alunos, e isso leva o professor ao dilema moral em torno do qual acontece o filme.

Ao tentar resgatar um aluno descomprometido e de caráter duvidoso, Hundert privilegia tal aluno em detrimento de outro, que seria o classificado como finalista de uma competição escolar.

O professor sofre com tal atitude e vive no dilema de contar ou não a verdade ao aluno desfavorecido, pois se sente referência moral e ética aos seus alunos. Ao confessar que trapaceou teme perder as referências de caráter que guiaram toda sua vida acadêmica. Porém ao revelar a verdade demonstrou a força de sua dignidade, ainda que tardiamente, o que foi reconhecido pelo aluno prejudicado. O aluno reconheceu que aquela pessoa foi importante para sua formação em diferentes aspectos, apesar do erro cometido.

Penso que, assim como no filme, a ânsia de resgatarmos alguns alunos para nós é muito forte, e podemos acabar privilegiando uns e não obtendo êxito em nossas intenções. Mas apesar disso, o que importa é toda a caminhada e não parte dela. Acredito também que trabalhar com educação é tornar-se um eterno pesquisador e que, assim como no filme, podemos aprender inclusive com nossos equívocos.

O dilema do antropólofo francês

A fim de exercitarmos o entendimento de premissa, réplica e argumento, na Interdisciplina de Filosofia fomos convidados a analisar o texto"O dilema do antropólogo francês".
O texto relata a experiência de um antropólogo junto a nativos que desconheciam a existência de outras raças. O dilema acontece no momento em que Claude, o atropólogo, é questionado pelos nativos se os brancos são deuses, e ele responde que sim.
Nossa tarefa foi a de nos posicionarmos frente a decisão do estudioso, argumentando se ele interferiu ou não no modo de vida daquela comunidade.
Acredito que o antropólogo interferiu sim no modo de vida dos nativos, pois acredito que a concepção de mundo é um aprendizado social e que o que nos permite modificá-la é a interação com o diferente, ou seja, a participação com outro grupo social.
Se Claude tinha a consciência de que sua resposta interferiria na concepção de mundo daquele grupo, é porque sabia que o simples fato de sua presença naquele local já era por si só um fato modificador naquela cultura.

Penso que não há como abstrair completamente as concepções e aprendizados que possuímos e que assim como alterou as concepções dos nativos, aquela convivência alterou também as próprias concepções do pesquisador.