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sábado, 26 de setembro de 2009

EJA sob a visão freiriana



Paulo Freire contribui significativamente com a educação apresentando uma nova proposta de alfabetização com a valorização da cultura de todas as etnias demonstrando a importância de cada pessoa no processo de construção de conhecimento de uma sociedade democrática. Freire revela a consciência política do ato educativo, apostando em uma educação para a transformação social e acreditando na importância da ação pedagógica para a emancipação humana.

O pensamento Freiriano contribui para mudanças significativas com a sua forma de ver o mundo no desenvolvimento do trabalho pedagógico, abrindo aos alunos uma perspectiva para conquistar seus direitos, sua auto-estima e dignidade. E ao mesmo tempo, fazer nascer a esperança de se tornarem sujeitos de sua aprendizagem, participando e sendo capazes de reinventarem aquelas experiências históricas e existenciais que são desvalorizadas na vida cotidiana pela cultura dominante. A educação que Freire propõe é problematizadora, crítica e emancipadora.

Ele nos mostra a importância e a necessidade que temos da reflexão e ação a partir das nossas histórias de vida e dessa maneira participando ativamente do processo social. Segundo ele, a educação deve possibilitar aos alunos se tornarem construtores do processo de conhecimentos e a partir daí transformadores de uma sociedade melhor para todos.

No processo de alfabetização, a leitura de mundo realmente precede a leitura da palavra. Sendo assim, os alunos devem compreender o mundo que os cerca, discutindo, falando, refletindo a respeito do mesmo, para que possam se alfabetizar de uma maneira crítica e emancipadora, transformando da própria condição. Isso se torna possível através do diálogo, partindo do conhecimento de mundo que o indivíduo já possui. A partir daí reconstrói-se por meio da língua, a própria história do sujeito e de sua cultura através do saber individual.

Então, ler e escrever não podem ser processos mecânicos. Deve ser processos criativos de percepção do mundo econômico, social, cultural que resulta num processo mais amplo de conscientização. A consciência só é adquirida se houver um processo dialógico entre o homem e o mundo. Por isso, também, a importância dos sujeitos se perceberem através das suas “leituras”, como agentes da História. Pessoas que fazem a História e que não apenas participam como expectadores.

Toda educação que deseja alcançar êxito na formação da consciência crítica, com o objetivo de transformação deve se embasar nos princípios de educação propostos por Paulo Freire.

A alfabetização em seu sentido mais amplo compreende as experiências e relações dos educandos com o mundo, e, no sentido mais específico, é a ação de uma referência para a crítica. Como narrativa, para a ação, torna-se uma tentativa de resgate da história, experiências, visão do discurso tradicional e das relações sociais dominantes. Desenvolver condições para que os indivíduos possam se situar em suas histórias para promoverem outras possibilidades de vida.

Ser alfabetizado é reivindicar sua própria voz. Como referente para a crítica, a alfabetização oferece precondição para a organização, a compreensão da natureza socialmente elaborada e para a avaliação de como o conhecimento, o poder e prática social, que podem ser moldados conjuntamente, tornando a tomada de decisões instrumentos para uma sociedade democrática, e não concessões aos que querem os ricos e poderosos. Ou seja, é preciso que a alfabetização de jovens e adultos considere as histórias de vida dos alunos, pois é a partir de suas experiências, comparando com as outras que lhes são contadas, é que construíram e reconstruíram outras possibilidades humanas, revendo seu espaço como cidadão.

Nomear analfabetismo como parte da definição do que é ser alfabetizado representa uma construção ideológica seguindo determinados interesses políticos. Analfabetismo pode ser tanto uma forma de ignorância intelectual e política quanto uma resistência de classe, sexo ou de cultura. Grupos oprimidos se recusam a aprender os códigos e competências culturais pela visão do que é a alfabetização das classes dominantes. A prática de alfabetização escolar desconsidera que estes grupos possuem seus próprios códigos e uma cultura muito particular, praticamente impõe o conhecimento escolar da cultura dominante, criando assim, um espaço conflitante pelos grupos subalternos que lutam por suas vozes.

Uma prática de alfabetização crítica precisa ser sensível as condições históricas, sociais e culturais que contribuem para as formas de conhecimento e de significado que os alunos trazem para a escola, fomentando a individualidade como parte de um projeto moral e político para uma ação social transformadora
Pensar a alfabetização como forma de política cultural é defini-la sob o olhar freiriano, com uma leitura de mundo e da palavra. É analisar como ocorrem e se constroem as relações no interior da escola. É compreender que o conhecimento ocorre no momento em que professor e aluno se encontram em sala de aula, dando importância as próprias vidas e experiências.

A alfabetização política cultural exige repensar o currículo compreendendo-o como um instrumento que representa um conjunto de interesses que devem ser postos, examinados e debatidos criticamente e que permita que as diversas vozes escolares sejam ouvidas, confirmando e legitimando as experiências que dão sentido às próprias vidas.

Por fim, uma alfabetização crítica e de voz exalta a pluralidade e tem sua força na comunidade humana e nas relações sociais. Os educadores críticos constroem suas próprias vozes examinando com cuidado os interesses sociais e políticos que a conduzem, são, portanto, educadores e também educandos. Tem em sala de aula condições para análise, identificação e problematização das diversas maneiras de ver o outro e o mundo e cultivam as diferenças e semelhanças.

Referência:
GIROUX, Henry. Alfabetização e a pedagogia do empowerment político. In: FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização: leitura da palavra, leitura do mundo. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. p. 1-27.

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