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domingo, 30 de maio de 2010

Aprendendo com meus alunos



Gosto muito de citar Freire quando ele diz que “...não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina aprende...observado a maneira como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se..."(FREIRE, Paulo.1993), pois foi exatamente o que refletiu esta semana de estágio para mim.
Propus para meus alunos um passeio por alguns pontos de nosso município que culminaria ao final com uma visita dirigida com Hora do conto em nossa Biblioteca Pública Municipal Vianna Moog. Fomos ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, a Câmara de Vereadores e passeamos pela margem esquerda de Rio dos Sinos.
Ao chegarmos ao Museu recebemos uma pequena “aula” sobre a chegada dos imigrantes alemães e a história da formação desta cidade. Muitos alunos ficaram encantados com os armamentos e vestimentas utilizadas por nossos antepassados. E, para minha surpresa e também de meus alunos, estava lá, naquele espaço o piano no qual eu havia tido aula de Orfeão, durante o então Primeiro Grau, nos anos 70, na Escola Estadual Visconde de São Leopoldo. Tive uma sensação de euforia e alegria em um rápido resgate, naquele momento de minhas reminiscências.
Tiramos fotos na Praça do Imigrante e na Câmara de Vereadores , onde os alunos demonstraram interesse pelo local que à poucos dias atrás teve parte da comunidade escolar envolvida em um movimento, no local, pelo não fechamento das pedreiras situadas no Morro do Paula. (fato descrito em narração anterior).
Na biblioteca Municipal a visita também tornou-se bastante interessante, pois os alunos puderam visualizar outro espaço de leitura e compará-lo com o que possuímos em nossa escola.
Porém, considero que o principal momento de nosso passeio foi a passagem pelo Rio dos Sinos. Havia anos que eu não realizava uma caminhada pelo local. Sempre trabalhei com meus alunos a água como o centro das questões ambientais que assolam a humanidade. Falava da importância da preservação, etc, porém, talvez por estar há algum tempo na supervisão escolar perdi esse contato íntimo com o rio que durante anos só via nas passagens de carro sobre as pontes que o atravessam.
Faltam palavras para descrever a sensação que tivemos, meus alunos e eu, naquela margem. O cheiro exala uma mistura de esgoto, fezes e carniça. Enquanto eu chamava a atenção das crianças sobre as observações que gostaria que realizassem e fazia mediações nas falas por eles reproduzidas, um a um foram tapando o nariz com suas camisetas, ato repetido por mim ao final, pois foi insuportável permanecer no local de outra maneira...Muito triste constatar que o que debatemos em sala de aula possui uma realidade muito pior do quiçá imaginamos.
Ao retornar para a sala, trabalhamos com produções de poesias, onde a questão apareceu relatada de forma marcante pelos alunos.
Aprenderam eles, aprendi eu a importância das saídas de campo, de conhecer em loco o que tratamos em aula para que nossa fala tenha propriedade.
O melhor disso, foi que o aluno que possuí Síndrome de Williams e que do início do ano até o momento não havia dado material escrito de suas aprendizagens realizou uma produção de texto falando de sua experiência, o que foi comemorado como um grande progresso por mim e demais professoras envolvidas.
Como é bom ser professora!

Referência:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142001000200013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt, acesso em: 19.04.2010;Carta de Paulo Freire aos professores
Esta carta foi retirada do livro Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar (Editora Olho D'Água, 10ª ed., p. 27-38) no qual Paulo Freire dialoga sobre questões da construção de uma escola democrática e popular. Escreve especialmente aos professores, convocando-os ao engajamento nesta mesma luta. Este livro foi escrito durante dois meses do ano de 1993, pouco tempo depois de sua experiência na condução da Secretaria de Educação de São Paulo.

1 comentários:

Patricia Grasel disse...

Que bom saber que as teorias de Freire se refletem em sua prática de estágio.
Muito interessante saber que vc reencontrou o piano o qual teve aula.
Lamentável constatar a poluição em ambientes que poderiam ser espaços de lazer.
E realmente o melhor de tudo é ver um aluno avançando uma etapa na sua construção do conheciomento.

Parabéns!