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terça-feira, 20 de abril de 2010

O inesperado em sala de aula


Quando lidamos com pessoas há que se ter o desprendimento e a percepção de que somos mutáveis. Nossa transformação é constante e vem na exata proporção de nossas aprendizagens. Aconteceu comigo esta semana.
Durante o planejamento da minha primeira semana de estágio, estava no cronograma escolar a apresentação de um teatro com o tema abordando o descobrimento do Brasil, os índios e o desmatamento.
Incluí esta atividade em meu planejamento semanal, considerando-a como ponto de partida para diversos questionamentos que seriam abordados com a turma 5 A 1, na qual estagio. No dia esperado, ao chegar na sala os alunos estavam muito motivados e ansiosos para assistirem à peça. Brincamos, conversamos e houve um aprofundamento inicial sobre a questão indígena.
Porém, para surpresa de todos, o grupo de atores não conseguiu montar o cenário do espetáculo conforme o esperado e, sendo assim, optaram por não realizar a apresentação.
Decepção para os alunos, trabalho e criatividade extra para os professores.
Nossa turma resolveu debater o fato e apontar possíveis soluções que os atores poderiam ter adotado.
Não é todo o dia que isso acontece, mas a escola é assim: um organismo vivo, pulsante, mutável e surpreendente.
Planejar é extremamente importante para que se saiba exatamente o que se deseja e qual o caminho que deve ser percorrido para atingir os objetivos. Ao refletir sobre o fato chego a conclusão que ser professor é estar aberto ao inesperado da vida e dar-se conta de que lidamos com o inacabado e, por isso mesmo, somos surpreendidos diariamente. Não há rotina por mais que se programe um dia letivo. Cada dia ocorrerá a sua maneira e aprender e ensinar a lidar com isso faz parte de nossa profissão.
Segundo Paulo Freire, "...não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina aprende...observado a maneira como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se..."(FREIRE, Paulo.1993), observar o que acontece com o outro, estar preparado para ouvir o outro e refletir sobre o que é dito é ser professor.
Referência:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142001000200013&lng=en&nrm=iso&tlng=pt, acesso em: 19.04.2010;Carta de Paulo Freire aos professores
Esta carta foi retirada do livro Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar (Editora Olho D'Água, 10ª ed., p. 27-38) no qual Paulo Freire dialoga sobre questões da construção de uma escola democrática e popular. Escreve especialmente aos professores, convocando-os ao engajamento nesta mesma luta. Este livro foi escrito durante dois meses do ano de 1993, pouco tempo depois de sua experiência na condução da Secretaria de Educação de São Paulo.

2 comentários:

Patricia Grasel disse...

Carla querida,

ótima postagem, realmente concordo contigo quando escreves que a escola é um organismo vivo, pulsante, mutável e surpreendente.
Gostei de ver que trouxeste sua reflexão com base teórica em Freire e principalmente não esqueceste de referenciar de onde tiraste. Parabéns.

carla sperafico disse...

obrigada.
Realmente, este período de estágio me tem feito perceber questões cujas quais sempre convivi, porém pouco refletia sobre elas.